terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O fim do ciclo de lançamentos de software


        Uma das características que define a era software da Internet é que o software é apresentado como um serviço e não um produto. Esse facto acarreta mudanças fundamentais no modelo de negócios da companhia:

        • As operações precisam se tornar uma competência central. A competência em desenvolvimento de produto da Google ou da Yahoo! precisa estar no mesmo nível da competência das operações do dia-a-dia. A mudança do software como produto para software como serviço é tão fundamental que o software deixará de funcionar a não ser que receba manutenção diária. A Google tem que percorrer a rede continuamente e actualizar seus índices, filtrar o spam de links e outras tentativas de influenciar os seus resultados, responder contínua e dinamicamente a centenas de milhões de inquéritos assíncronos dos utilizadores e, simultaneamente, estabelecer a correspondência entre elas e a publicidade contextual. Não é por acaso que o sistema de administração da Google, suas técnicas de rede e de balanço de carga seja, talvez, segredo mais bem guardado do que os seus algoritmos de busca. O sucesso da Google em automatizar tais processos é um factor chave da sua vantagem, em termos de custo, sobre os concorrentes.

        • Utilizadores devem ser tratados como co-programadores, em referência às práticas de desenvolvimento do código aberto (mesmo se for pouco provável que o software em questão seja lançado sob uma licença de código aberto). O lema do código aberto “lançar cedo e lançar sempre” transformou-se numa posição ainda mais radical, “o beta perpétuo”, em que o produto é desenvolvido em aberto, com novos recursos surgindo a cada mês, semana ou mesmo dia. Não é por acaso que se pode esperar que serviços tais como Gmail, GoogleMaps, Flickr, del.icio.us e outros do mesmo tipo carreguem o logo “Beta” por anos a fio.

        • A monitorização em tempo real do comportamento do utilizador, para aferir exactamente quais e como os novos recursos estão sendo usados, torna-se, portanto, uma outra importante competência a ser exigida. Um programador web de um grande serviço online comentou: “Todos os dias disponibilizamos dois ou três recursos nalgum lugar do sítio e se os utilizadores não os utilizam, nós os removemos. Se eles agradam, nós os implementamos no sítio todo.”

By Tim O'Reilly

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